Com o impulso da K-beauty e da J-beauty somado ao crescente interesse pelos cosméticos naturais, o uso de ingredientes fermentados nos produtos de beleza vem seduzindo muitos consumidores. Presente há anos na cozinha para a preparação de legumes e laticínios, com benefícios comprovados para o microbioma intestinal, a fermentação vem conquistando espaço também nas prateleiras do banheiro.

Os hábitos de beleza passaram por grandes mudanças desde o início da pandemia: as consumidoras, que antes não hesitavam em sobrepor camadas e camadas de cosméticos, passaram a adotar uma rotina mais minimalista e mais holística que, além de preservar a pele, protegendo-a contra fatores ambientais nocivos – como poluição, cigarro, sol etc. –, restaura e fortalece o tecido cutâneo. Surfando nessa onda, os prebióticos e os probióticos, que continuam bombando no mercado, deram origem a uma nova tendência muito semelhante: a fermentação.

Processo ancestral

Utilizada em muitos países, principalmente da Ásia, a fermentação biológica é um processo ancestral que ocorre quando certos materiais orgânicos sofrem transformações sob a ação de enzimas secretadas por micro-organismos. Em outras palavras, esses micro-organismos – que podem ser enzimas, bactérias ou fermentos – provocam a decomposição de materiais ou ingredientes básicos, transformando-os em componentes cuja ação é muitas vezes potencializada por esse processo. A exemplo dos prebióticos, o objetivo é induzir a proliferação de bactérias "boas", em detrimento das bactérias "ruins", a fim de intensificar o efeito de cada ativo e aumentar os benefícios proporcionados à pele.

A fermentação é um processo praticado há muitos anos com o objetivo de provocar a transformação de certos alimentos. Nos produtos de beleza, o processo utilizado é exatamente o mesmo. Segundo os defensores dessa técnica, a fermentação não somente potencializa os ativos, como também permite obter uma concentração mais alta de nutrientes e antioxidantes (adeus, marcas da idade!), otimizando também a penetração dos ativos na pele.

Para completar, as substâncias naturais desenvolvidas durante o processo de fermentação podem contribuir para aumentar o prazo de validade das fórmulas.

2022, o ano dos cosméticos fermentados?

Já há bastante tempo, algumas marcas de nicho oferecem cosméticos à base de ingredientes fermentados. O que observamos hoje é que, aos poucos, os gigantes do setor também estão buscando se adaptar aos novos anseios dos clientes. Aliás, o uso de fermentação no setor de cosméticos é uma das tendências que mais deverão crescer ao longo de 2022, segundo projeções da agência WGSN. Não seria de surpreender que, na esteira desse fenômeno, a kombucha, bebida à base de chá fermentado, encabece a lista dos ingredientes mais valorizados pelos consumidores.

Enquanto isso, já é possível se familiarizar com essa nova geração de cosméticos, graças a marcas como Gallinée, grande especialista dos prebióticos, que oferece um creme para a lavagem dos cabelos rico em água de arroz fermentado. Outras marcas também estão apostando nessa tendência, entre as quais a Innisfree, que comercializa máscaras à base de soja fermentada, e a Whamisa, empresa especializada em ingredientes fermentados.